terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dança com Véus II

Continuação...



       No final do século XIX e começo do XX, surgiram diversas fotografias de mulheres dançando com o que pareciam ser lenços ou xales. Muitas dessas imagens eram fotos posadas o que deixava dúvidas acerca de sua autenticidade; poderia ser mais um exemplo do gosto do fotógrafo do que propriamente um documento fidedigno da arte daquela época. Ingleses e europeus eram ávidos compradores dessas provocantes fotografias.

       Os fotógrafos descreviam o racismo dos orientalistas, a fantasia machista de como deveriam ser as mulheres dos haréns. Essas mulheres eram claramente exploradas. Acredita-se que pertenciam a famílias simples, mulheres muito pobres, prostitutas, dançarinas e escravas. As famílias de mulheres respeitáveis nunca permitiriam que elas fossem fotografadas. Podemos supor, então, que as pessoas presentes nas fotografias não eram de fato representativas da maioria da população.

       Houve realmente numa determinada época danças com véus no norte da África e elas podiam ser divididas em duas categorias: a dança dos lenços e a dança dos xales. Ambas similares em sua natureza, mas com movimentos diferentes de acordo com sua proposta.
A dança dos lenços utilizava um ou ocasionalmente dois lenços. Um lenço era mantido em cada uma das mãos ou ambas compartilhavam apenas um lenço. O lenço ou echarpe era agitado no ar, rodado, enrolado ou trançado. A movimentação era rápida. Algumas dessas danças são representadas até hoje na Argélia, Marrocos e Tunísia.
       Havia outras danças apresentadas no Oriente Médio, que também usavam véus. No Azerbaijão, as mulheres usam em sua dança lenços, echarpes e véus para acentuar sua beleza. Enquanto dançam, revelam delicadamente os olhos, o nariz, a face e o tronco ricamente adornado. Além de tudo, é uma forma diferente de usar o véu, pois essas mulheres geralmente o levavam atado a um chapéu ou na cabeça.
       As dançarinas da Turquia eram em sua maioria ciganas e conhecidas como “cengis”. Às vezes, dançavam com a ponta do véu – que estava preso à cabeça – na boca, preso pelos dentes. Outra dança “cengi” utilizava echarpes propondo uma mímica sobre as relações amorosas. Segurando as duas pontas de um sedoso véu entre os dedos, fingiam ser uma tímida virgem ou uma cortesã no exercício da sedução ou, ainda, usavam esse lenço como uma delicada barreira a cobrir o rosto. Às vezes enrolavam um xale de seda colorido em volta da cabeça e do pescoço. Diversas manifestações utilizando o que para nós hoje é o véu.


Continua...

Texto traduzido do manuscrito The Illusive Veil, de Elizabeth Artemis Mourat.

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